Sempre que o dia das mães se aproxima surge o mesmo debate: “mãe de pet também é mãe?”. A resposta é sim. E não só a ciência, mas também os tribunais vêm reconhecendo cada vez mais a existência da família multiespécie.
Uma pesquisa realizada pelo IBGE em parceria com o Instituto Pet Brasil identificou que, nos últimos anos, os pets têm ganhado seu próprio espaço como membros das famílias. De acordo com os dados obtidos, o número de animais de estimação que convivem com as famílias brasileiras supera a quantidade de crianças de até doze anos.
Vem crescendo, portanto, o número de famílias multiespécie, que é o termo utilizado para identificar esses núcleos familiares que são compostos por humanos e animais de estimação.
Foto: Glaucia de Pinho
Esse movimento no Brasil tem ocorrido de forma similar em países como os Estados Unidos e o Japão e algumas pesquisas que analisam essas relações estabelecidas entre seres humanos e animais de estimação trazem importantes contribuições para mostrar a existência desses laços parentais:
1. Olhar nos olhos de nossos cães ativa o mesmo hormônio que os bebês humanos
De acordo com o artigo “Como os cães roubaram nossos corações” publicado pela Revista Science, pesquisadores mostraram que quando os cachorros olham em nossos olhos, eles ativam a mesma resposta hormonal que nos liga aos bebês humanos. Esse foi o primeiro estudo a comprovar esse efeito de ligação hormonal entre humanos e outras espécies e ajuda a explicar como os cães se tornaram nossos companheiros há milhares de anos.
Analisando as relações comportamentais existentes entre humanos e cachorros, o pesquisador Takefumi Kikusui da Universidade Azabu, no Japão, desenvolveu um estudo sobre a oxitocina, um hormônio que desempenha um importante papel no estabelecimento do vínculo materno.
A experiência foi baseada no fato de que quando uma mãe olha nos olhos de seu bebê, os níveis de oxitocina do bebê aumentam, o que faz com que o bebê olhe de volta nos olhos de sua mãe, gerando uma maior produção de oxitocina pela mãe e assim por diante. Esse ciclo cria um forte vínculo emocional entre mãe e filho durante um período em que o bebê não pode se expressar de outras maneiras. A partir daí, foram realizados estudos com cachorros e os resultados mostraram que as interações entre humanos e cães provocam o mesmo tipo de feedback positivo de oxitocina visto entre mães e seus bebês.
2. O vínculo dos pets com os humanos é similar ao dos bebês com os seus pais
Em estudo desenvolvido pelo Departamento de Etologia da Universidade Eötvös Loránd, foi constatada a semelhança entre o vínculo encontrado nas relações entre humano-cachorro e pais-bebê. Além disso, esse estudo foi o primeiro a mostrar que o efeito desse vínculo em cães também pode se manifestar em testes cognitivos.
De acordo com os resultados obtidos, quando foram confrontadas com uma tarefa de resolução de problemas, as crianças humanas que foram capazes de usar sua mãe como uma base segura mostraram-se mais motivadas e persistentes na resolução da tarefa. No entanto, enquanto que nas crianças esse efeito de base segura geralmente é evidente apenas na infância, os cães parecem ser os únicos a manter esse comportamento na idade adulta.
Foi descoberto também que no caso de cães que vivem em abrigos de animais, existem preferências por humanos específicos após curtas interações positivas na idade adulta, que já se assemelham notavelmente a laços de apego. Ou seja: adote um pet adulto e prepare-se para ter muito amor também.
3. Cães vêem seus humanos como pais
Através de uma investigação desenvolvida por cientistas da Universidade de Medicina Veterinária de Viena sobre o vínculo entre cães e seus donos, foram encontradas semelhanças impressionantes com a relação entre pais e filhos humanos. Por meio desse estudo notou-se que os animais estão tão bem adaptados à convivência com os seres humanos que, em muitos casos, o humano assume o papel de principal parceiro social do cão. E, assim, a relação entre humanos e seus cães acaba sendo muito semelhante à profunda conexão entre crianças pequenas e seus pais.
4. Cachorros amam os seus humanos
Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Emory University (EUA), os pets amam seus donos e os vêem como alguém da família. Essa conclusão foi obtida através da realização de exames de ressonância magnética no cérebro de alguns cachorros e que levou à conclusão de que o olfato é o responsável por identificar essa reciprocidade na atividade cerebral. De acordo com esses estudos, os cachorros conseguem diferenciar odores e reconhecem imediatamente seus humanos pelo cheiro e priorizam ele acima de qualquer outro. É muito amor envolvido!
5. Quando estamos na companhia um do outro, nossos corações batem como um só
Essa é a pesquisa mais fofa de todas! Um grupo de cientistas australianos mostrou que, quando estamos na companhia um do outro, nossos níveis de estresse e ansiedade diminuem e os batimentos cardíacos dos dois entram em sincronia. Ou seja, nossos corações batem juntinhos!
Ah, mães de gatinhos, não se preocupem! Antes que venham falar que essas pesquisas são só sobre cachorros, um estudo da Universidade do Estado do Oregon identificou que gatos são tão apegados aos donos quanto os cachorros e crianças. Como explica a líder da pesquisa Kristyn Vitale: “tanto em cães quanto em gatos, o apego aos humanos pode representar uma adaptação do vínculo filho-pais”.
Quer um resumo disso tudo em um vídeo para explicar pra todo mundo? Então, vem:
Assim, embora muitas pessoas ainda questionem o uso da expressão “mãe” ou “pai” para identificar essa relação com os pets, o que todos esses estudos científicos estão mostrando é que, apesar de não sermos da mesma espécie e tampouco eles nascerem de nós, existe um vínculo inegável que é semelhante ao de pais e filhos humanos.
Então, a ciência só veio para mostrar o que já sabíamos: mãe de pet também é mãe. Eles sabem e nós sabemos. E é isso que importa! ❤️
E, sobre o posicionamento dos tribunais sobre a família multiespécie, é possível perceber que, apesar de ainda não existir legislação específica sobre o assunto, os animais de estimação saíram do aspecto de “coisa” para aparecerem em disputas processuais relacionadas à família, principalmente nos casos de separação e divórcio. Existem já decisões abordando temas como pensão alimentícia, regulamentação de visitas e até a guarda compartilhada de pets. Isso só mostra como a família multiespécie vem se tornando cada vez mais presente na sociedade.
Agora, me conta: você é mãe ou pai de pet? Deixa nos comentários!
Sou Mãe de PETS sim, com muita alegria! Amo meus filhos "bichológicos", a minha Turma do P! Também amo uma turminha linda, da Cacausando, sabem?! Uma doçurinha chamada Cacau, um "biscoitinho levado" chamado Cookie, um salsichinha chamado Sheik ... e alguns outros lindões e lindinhas também! Feliz Dia das Mães pra você, Lua! Lambeijocas pra turminha! Beijos pra vocês, Mãe e Pai de PETS!